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15 de outubro de 2005 - 02:07
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Pessoal

Referendo sobre o comércio de armas – Crônica Antonio Prata

Eu vou abrir um espacinho aqui pra postar uma crônica do Antonio Prata que eu li e resolvi digitar. Não costumo ficar pedindo pra vocês lerem meus posts, na verdade, eu só publico e lê quem quer… Mas esse texto aí eu queria pedir pra vocês lerem sim, por favor… ;)
Se alguém, aí quiser colar no seu blog, ou mandar por email, fique a vontade…

Legítima defesa – Ter uma arma é uma ameaça ou uma proteção? Você decide no dia 23
Por Antonio Prata

A não ser que você tenha passado o último mês fazendo um curso de meditação transcendental, deve saber que no dia 23 de outubro o país inteiro vai às urnas decidir se a venda de armas de fogo deve ou não ser proibida no Brasil. Se vencer o SIM, proíbe-se à venda de armas. Se for o NÃO, deixa-se como está.

Achei que era óbvio que todos votariam pelo SIM, uma vez que a única finalidade de um revólver é ferir e matar pessoas e, bem, pelo menos na minha turma nós não achamos essas atitudes muito louváveis.

Para meu espanto, no entanto, cerca de 1/3 da população ainda acha que as armas devem ser vendidas legalmente. Algumas dessas pessoas têm até um argumento sensato: num país cheio de bandidos, o “cidadão de bem” deve ter o direito de se proteger. Concordo. Acredito tanto nesse argumento que vou provar aqui, com números, que você quer proteger sua vida e a dos “cidadãos de bem”, deve votar pelo SIM.

O Brasil é um país em que mais gente foi morta à bala, em todo o mundo, nos últimos dez anos. Trezentas mil pessoas. A maioria, entre 15 e 24 anos. “viu só?”, diz o tal “cidadão do bem”, “preciso comprar uma arma para me proteger dos bandidos!” Pois aí é que a porca torce o rabo. Sabe quantos por cento dessas mortes são causadas por bandidos? 11%. Ou seja, nove entre cada dez assassinatos por armas de fogo, no Brasil, são frutos de brigas, discussões de transito, desentendimentos no bar da esquina. São causados pelo tal “cidadão do bem” que, se não tivesse uma arma, talvez só batesse boca, quem sabe até sairia na mão e, no dia seguinte, sentiria uma certa vergonha dos vizinhos.

Sim, dos vizinhos, pois em 60% dos crimes com armas de fogo a vítima e o agressor se conheciam e moravam a menos de 500 metros um do outro. Era o cara que ficou com ciúme porque fulano da rua de baixo assoviou pra namorada, ooutro que devia um dinheiro e não pagou e até maridos que matam a mulher. Aliás, sabie que numa discussão de casal, se há uma arma em casa, a mulher tem duas vezes mais chances de ser assassinada pele “maridão do bem”? Nas tentativas de assalto, se a vítima estiver armada tem 57% mais chances de morrer.

Além disso, as armas acabam nas mãos dos bandidos: mais de 90% das armas apreendidas em crimes foram compradas numa loja pelo “cidadão do bem” e depois passaram para a clandestinidade. Por isso, depois da campanha de desarmamento do governo, que arrecadou mais de 400 mil armas, os assassinatos por tiro caíram pela primeira vez em 13 anos.

A raiva necessária para dar um soco ou um tiro é a mesma. A diferença entre o olho roxo e a morte é a presença do revólver. Se você é mesmo uma cidadã do bem, dia 23 de outubro, não abra mão do seu direito de legítima defesa: vote SIM. Afinal, dos dois lados do cano, ninguém mais é do bem depois que for puxado o gatilho.

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