Sempre faço posts de viagem mostrando fotos e dando algumas dicas, mas como essa viagem foi praticamente “de outro planeta”, achei que valia começar com um post mais completinho. A cultura do Japão é muito diferente, tem uma barreira imensa da linguagem e, o lugar tá literalmente do outro lado do mundo. Não é uma viagem fácil de organizar e muito menos barata, por isso é preciso uma boa dose de vontade e sonho!

Dia frio em Nara

O Dani e eu já falávamos de Japão faz anos, mas como era algo “grande”, resolvemos focar depois do casamento! Comecei a planejar tudo em janeiro já com a ideia de ir em março.

Datas

O 1º passo é decidir as datas da sua viagem. A maior influência que isso vai ter é a estação do ano (clima!), mas também tem outros detalhes como festividades e feriados. Se eu tivesse viajado com uma semana de diferença, pegaria férias escolares e Tóquio estaria lotada. Escolhi meio de março por ter um clima mais ameno (teoricamente, pq nesse ano o clima do mundo tá maluco e pegamos muito frio!) e pra tentar pegar um pouco da primavera e do florescer das sakuras.

Botões abrindo…

Roteiro

Montar o roteiro antecipadamente não é uma opção: você precisa entregar sua agenda e hotéis quando vai tirar o visto. Nós decidimos encaixar Nova York no começo da viagem pra “quebrar” o cansaço da ida. Apesar de ter visitado mais de uma cidade no Japão, nossa viagem nunca teve a intenção de ser um mochilão, queríamos conforto e nada de correria. Demora uns bons dias pra montar esse quebra-cabeça do roteiro! Resolvi começar a viagem pelo Japão “antigo”, com 4 dias pelas cidades de Quioto e Nara. De lá fomos pra Tóquio ficar 10 dias e tínhamos a intenção de visitar mais 2 cidades (Nikko e Hakone), mas mudamos de ideia quando estávamos lá. Impressões pós viagem: essa ordem foi perfeita, Quioto e Tóquio são bem diferentes e acho que a gente conseguiu ter uma imersão cultural bem gostosa antes de ir pra loucurinha da megalópole!

Pra montar a agenda, sugiro que você vá listando tudo o que quer ver/conhecer. Depois você encaixa as coisas olhando mapa, colocando junto tudo o que está perto. Infelizmente os guias de papel não me ajudaram muito, acho que vale consultar o site Japan Guide.

Não estava no meu roteiro, mas amei: praia em Odaiba

Hotéis

Escolhi todos os hotéis da viagem pelo Trip Advisor, pois além de dar informações, você encontra opiniões de pessoas que se hospedaram e ainda consegue fazer as reservas. Acho que o importante é buscar hotéis de fácil acesso, perto de metrô/trem, e claro, encaixar no seu budget. Os hotéis da nossa viagem foram: Paramount Hotel Times Square (micro quarto, mas no mesmo quarteirão da Times Square!), Narita Airport Rest House (passamos a 1ª noite em Narita, dentro do complexo do aeroporto, pois o vôo chegou tarde no Japão), Rihga Royal Hotel Kyoto (andávamos um pouquinho e chegávamos num shopping legal e na estação de metrô/trem/ônibus) e Cerulean Tower Tokyu Hotel (na região Shibuya, perto da linha de metrô principal, quarto enorme luxo e uma vista incrível). Valores gastos aproximados? R$3.355 + R$140 + R$1.600 + R$6.000, lembrando que eram quartos com cama de casal e que o hotel final era 5 estrelas (quem quiser consegue economizar um pouco aí!).

Vista do nosso quarto no Tower Tokyu

Visto

Com o roteiro e as reservas você vai pro consultado ou pra embaixada do Japão solicitar seu visto. No Japão o visto não vale por tempo como nos EUA e sim por entradas, portanto eu podia entrar 1 vez no Japão, se quiser ir novamente, preciso de outro Visto (por isso está escrito “single”, não tem nada a ver com estado civil). Fomos tirar o nosso no Centro de Visto Japonês e você tem que checar os documentos pedidos e o valor no site. Tem até um tipo diferente de foto que tem que levar. Depois da solicitação, em menos de uma semana estávamos com o visto na mão.

O visto japonês tem desenhos de sakuras

Trem, metrô, ônibus e taxi

Quando for buscar o passaporte devidamente “vistado”, você deve comprar o Japan Rail Pass, ele só é vendido para nós aqui no Brasil nos lugares onde tira visto. Com ele você consegue pegar o shinkansen (trem bala), trens e metrôs da linha JR. Pagamos ¥45100 (cerca de R$1.000, caaaaro!) por 14 dias de uso e valeu muito a pena. É legal que o seu hotel em Tóquio fique próximo à Yamanote Line, que é a linha  principal da cidade, que passa pelos bairros mais importantes (ela é uma linha circular, você vai conseguir fazer tudo com ela!). No início a gente se atrapalhou um pouco, mas dá pra consultar o  Google Maps e um app chamado trains.jp pra saber a rota do metrô.

Se em Tóquio você faz tudo de metrô, em Quioto você usará ônibus. A passagem é baratinha e você paga com moedas no próprio ônibus, antes de descer. Pra saber o que pegar e onde pegar, basta usar o Google Maps. Ele traça as rotas com o tipo de transporte que você precisa, no caso, o público.

A bandeirada de taxi nas cidades por onde passamos começa por volta de ¥640/¥710, portanto é bem mais caro que em São Paulo. Em Tóquio você demora muito mais tempo pra chegar aos lugares de taxi do que de metrô, então não compensa. Outra coisa complicada são os endereços no Japão, então em caso de taxi, é bom mostrar o mapa pro motorista (que não vai falar inglês hehehe).

Passagem pro transporte público

Vôo

Como vocês devem imaginar, o caminho é longo. Você pega 2 aviões pra ir ou voltar do Japão e a conexão costuma ser nos Estados Unidos, Inglaterra ou Dubai, dependendo da cia aérea. São 22h ou mais no ar, somadas à umas 4h de embarque/desembarque e taxiamento do avião. Fora a canseira de espera entre os vôos (chegamos a ficar 6h no aeroporto de Washington na volta), filas de checkin, policia federal, espera pelas malas… É de enlouquecer, por isso não dá pra ficar só uma semana lá! Fazer tudo isso 2 vezes, merece pelo menos 2 semanas de viagem.

Você consegue comprar as passagens diretamente com as cias aéreas ou sites como decolar, mas como a gente queria personalizar a ida (ficar 7 dias em NY), entramos em contato com uma agente de viagens. Foi a única parte da viagem que precisamos de ajuda, pois quando você compra as passagens sozinho, você consegue escolher o lugar da conexão , mas não consegue decidir ficar mais dias na cidade. Fomos de United Airlines, com a paradona em NY e depois seguindo pro Japão em Narita e na volta, apenas conexão em Washington antes de vir pra Guarulhos. Os vôos foram tranquilos, o sistema de entretenimento é ótimo (assisti uns 200 filmes!kkk), só a comida que é péssima. A UA tem ~classe econômica plus~, que você paga um pouquinho a mais pra ficar numa área do avião que os bancos tem mais espaço. Isso ajudou demais, o Dani e eu somos pernudos e sofremos demais no vôo. Gastamos um total de R$7.200 com as passagens e depois gastamos mais uns R$2.000 fazendo os upgrades. Os pacotes de ida/volta onde você não personaliza (nem parada e nem assento) podem sair bem mais em conta, vale pesquisar!

Dinheiro

1 Real é igual a (aprox) 46 Ienes. Ferrou, né?! kkkk Parece muito complexo, mas tem uma regrinha básica que salva a vida e te dá uma noção rápida do valor das coisas. Pegue o valor em Iene, retire os 2 últimos números e você terá um valor muito aproximado de dólares. Por exemplo, US$1 é igual a ¥103, tirando o 03, você tem 1. US$10 é igual a ¥1032, tirando o 32, você tem 10! E leve uma bolsinha de moedas, porque lá dá pra fazer muita coisa com as moedinhas e você vai valorizar (elas são muito fáceis de identificar, com excessão de ¥5, todas tem valor escrito).

Os estabelecimentos costumam aceitar cartão de crédito (eu apostaria em Visa e Master e não em American Express, que geralmente é mais difícil de ser aceito fora dos EUA). Você vai usar cartão de crédito no hotel e no aluguel da internet, por exemplo. Acho que vale citar também que você terá muito tranquilidade quanto à segurança, não tem trombadinhas e os vendedores sempre contam o dinheiro entregue e o troco na sua frente (mesmo se você não entender nada kkk). E nada de gorjetas, nem em restaurantes, nem no taxi, nem no hotel… é meio ofensivo e eles vão ficar sem jeito!

Acho que você pode planejar um gasto de 30 Dólares/ 3000 Ienes por dia e por pessoa, pra comer no Japão. Indo em lugares padrão, sem ser restaurante mais chique.

As moedas japonesas

Internet

No Japão não é possível comprar chip pré-pago de celular (veja também: Nova York – Acessando a internet pelo celular), então alugamos um wi-fi wireless, e podíamos compartilhar nos celulares e até usar no laptop. Você não vai encontrar wi-fi nas ruas ou estabelecimentos e nos hotéis em que fiquei ela era paga a parte. Minha opinião? Item indispensável! Imagina ficar sem um google maps num lugar tão distante (e sem insta! kkk). Alugamos no aeroporto na TelecomSquare e você devolve na volta antes de pegar o vôo. Por 14 dias de aluguel deu cerca de R$400 (acho que era ¥1200 por dia).

Aparelhinho que fornece internet wi-fi

Língua

O Dani é nikkei então conhece algumas palavrinhas, mas eu achei que era legal estudar um pouco de “vocabulário de turista”, igual eu fiz quando fui pra França pela 1ª vez! Acho que se você está indo pra outro país, você tem que se adaptar, aprender a cumprimentar e saber o mínimo da comunicação, nem que seja pra se desculpar e avisar que não fala japonês. O problema é que mesmo aprendendo a falar um pouquinho, eles escrevem com ideogramas! Então você não vai saber ler ou escrever nada.

Guias de palavras e frases em japonês

Comprei esses 2 guias e na prática usei o segundo, Guia de Conversação para Viagens Japonês da Publifolha. Ele é pequeno e fininho, então dá pra carregar na bolsa e ler toda hora pra memorizar. Além disso, ele tem sempre escrita a forma de pronuncia (vou copiar as que acho mais importantes abaixo!). As palavras sempre tem uma entonação diferente do que a gente imagina, é gostoso escutar!

Sim: Rai
Por favor: Onegai chimas
Com licença / Desculpe: Sumimassen
Muito obrigado: Arigatoo gozaimas
Bom dia: Orraioo gozaimas
Boa tarde: Connitiua
Boa noite: Comban’ua
Até logo: Mata ne
Quanto custa? Icura des ca?
A conta, por favor: Ocandyoo onegai chimas?
Eu nao falo japonês: Nirrongo ua ranassemassen
Você fala inglês? Eigo o ranachimas ka?

Mas vamos lá, a maioria dos restaurantes possui menu ilustrado (ou melhor, eles possuem uma vitrine com reproduções dos pratos feitas em cera ou plástico), então você escolhe a comida pela cara e aponta! kkk As placas em estações possuem versão com alfabeto romano. Quem fala inglês? Basicamente, os policiais e os atendentes do Mc Donalds (e ainda assim é um inglês enrolado), mas os vendedores geralmente são bem prestativos e mesmo sem conseguir se comunicar, vão tentar ajudar (dá-lhe mímica! kkk).

Vitrine com comidas de mentirinha

Esses foram os tópicos que eu pensei em abordar pra ajudar quem quer começar. Quem quiser, pode deixar dúvidas nos comentários, pois volto depois pra um post com algumas impressões e curiosidades, além dos posts com fotos! :D Pode deixar que eu vou falar mais sobre comida, compras, passeios, etc!